Um programa de entrevistas com densidade e dicção coloquial: esta é a proposta de “Conversa com Mirian Chrystus”, conduzido pela jornalista com uma vasta experiência na área cultural. Em 40 anos de carreira, desde que começou no jornalismo, Mirian Chrystus passou por vários veículos de imprensa e de setores da vida cultural de BH. Já os entrevistados serão escolhidos pelo potencial de fazer o público “ver a vida de um ângulo diferente”, independentemente de estarem ou não expostos na mídia.
A estreia do programa (dia 17, terça-feira, às 22:30h, na TV Horizonte) será com o convidado Reinaldo Marques, professor de Literatura da Faculdade de Letras da UFMG, profissional respeitado na área, e conhecido no mundo acadêmico por seu trato respeitoso com as pessoas. “Meu objetivo de vida é buscar o conhecimento de forma compartilhada com o outro, numa perspectiva ética”, afirma. Reinaldo Marques vai falar de literatura, mas também sobre a questão da diferença, tão falada nos dias atuais, que ele vivencia em casa, com seus filhos Pedro e Bia, portadores da síndrome de Down. Ao lado das dificuldades de adaptação ao ritmo, à maneira de vivenciar o mundo, ele acredita que os filhos, em sua diferença, tornaram-no “uma pessoa muito melhor”. Assim, a questão política da diferença entremeia-se à vida cotidiana.
Mirian Chrystus foi jornalista em vários jornais da capital mineira e trabalhou também como repórter e apresentadora de televisão na TV Globo e na extinta TV Manchete. Foi uma das fundadoras do jornal De Fato, órgão da imprensa alternativa, de 1975 a 1980, de oposição ao regime militar .
Paralelamente ao seu trabalho de jornalista foi feminista, e, pela sua militância, participou do incentivo à criação da Delegacia da Mulher, resultado de uma grande manifestação, nas escadarias da Igreja São José, em 1980, contra a violência específica sofrida pelas mulheres e que se tornou conhecida internacionalmente com o slogan “Quem ama não mata”.
Também foi atriz, tendo participado de várias peças infantis dirigidas por Pedro Paulo Cava e da montagem de “Encontro Marcado”, sob a direção de Paulo César Bicalho.
Quando encerrou sua carreira jornalística foi ser professora de telejornalismo no Curso de Comunicação Social da UFMG, onde permaneceu por 26 anos. Na UFMG fez Mestrado em Comunicação e Doutorado em Teoria da Literatura, na Faculdade de Letras, ambos sobre a linguagem do Jornal Nacional.
Nos últimos anos, tem se dedicado à defesa da causa animal, tendo lutado contra o massacre de felinos na FAFICH, em 1999, que ela denunciou à Procuradoria do Meio Ambiente. Participa atualmente da ong BastAdotar, que já promoveu a adoção de mais de 600 animais.
Olhando retrospectivamente para sua vida, Mirian Chrystus acredita que tudo o que viveu – jornalismo, feminismo, teatro, comunicação social , militância pelos animais – converge para que possa ter um rico diálogo com seus entrevistados, num tom coloquial, de conversa, de troca de ideias. “Porque não vou apenas perguntar, também vou me expor”, afirma ela. “Claro que sem roubar a cena do meu entrevistado”, brinca.